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PL do “Imposto de Renda Mais Justo” reacende debate sobre justiça fiscal e impacto nos municípios

O PL 1087/2025 que vai estender a faixa de isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil representa mais que uma mudança na tabela de con

O PL 1087/2025 que vai estender a faixa de isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil representa mais que uma mudança na tabela de contribuição, mas um movimento que toca diretamente questões estruturais do sistema tributário brasileiro. O debate em torno da proposta envolve não apenas o alívio fiscal para milhões de brasileiros, mas também seus efeitos na economia, na organização financeira das famílias e, principalmente, nos municípios, que veem no IR uma importante fonte indireta de arrecadação.

O Imposto de Renda é uma das principais ferramentas do Estado para redistribuir renda e garantir financiamento de políticas públicas. “Quando estruturado de maneira progressiva e equilibrada, permite que quem ganha mais contribua proporcionalmente mais, promovendo maior justiça fiscal. Ao isentar as faixas mais baixas de rendimento, o governo busca corrigir distorções históricas e dar maior fôlego financeiro à população de menor poder aquisitivo. O resultado esperado é uma movimentação positiva na economia de base, com impacto direto no consumo, no comércio local e nos serviços essenciais“, explica o presidente da Comissão Especial que vai analisar o projeto, deputado federal Rubens Pereira Jr. (PT/MA).

Outro ponto fundamental que a medida traz à tona é a necessidade de educação financeira. Mesmo com a isenção para milhões de contribuintes, o planejamento tributário continua sendo uma ferramenta relevante para quem deseja entender melhor os descontos na folha de pagamento, a possibilidade de deduções legais e a importância da organização documental. Além disso, a medida pode servir de incentivo para que mais pessoas se interessem por compreender o funcionamento do sistema tributário brasileiro e se preparem melhor para sua relação com o Estado.

A proposta também reacende uma discussão recorrente sobre a relação do IR com os municípios. Apesar de arrecadado pela União, o imposto incide sobre salários pagos por órgãos públicos estaduais e municipais. Esse valor é retido diretamente na fonte — ou seja, no momento do pagamento — e posteriormente repassado ao governo federal. O debate sobre a possibilidade de que estados e municípios retenham esses valores vem ganhando força, sobretudo diante de cenários fiscais desafiadores e da necessidade de garantir autonomia financeira local.

"Essa medida sinaliza um compromisso com a população trabalhadora, que há muito tempo sente no bolso o peso de um sistema injusto. Ao mesmo tempo, é fundamental garantir que municípios não sejam prejudicados com a perda de receita indireta. O equilíbrio entre justiça social e responsabilidade fiscal será o eixo do nosso trabalho na comissão"

No Maranhão, o impacto da proposta será significativo. Segundo dados do Governo Federal, mais de 238 mil maranhenses poderão ser beneficiados pela ampliação da faixa de isenção. Isso representa um percentual relevante da população economicamente ativa do estado, especialmente em regiões metropolitanas como São Luís, onde o peso da carga tributária sobre os rendimentos mais baixos é sentido com mais intensidade. A medida, portanto, tem potencial de promover alívio financeiro direto em milhares de lares maranhenses, com reflexos na economia local e na arrecadação indireta via consumo.

O deputado federal Rubens Pereira Jr. avalia que a proposta vai ao encontro das demandas históricas de justiça tributária no país. “Essa medida sinaliza um compromisso com a população trabalhadora, que há muito tempo sente no bolso o peso de um sistema injusto. Ao mesmo tempo, é fundamental garantir que municípios não sejam prejudicados com a perda de receita indireta. O equilíbrio entre justiça social e responsabilidade fiscal será o eixo do nosso trabalho na comissão”, afirmou.

A proposta ainda será analisada pelo Congresso Nacional e, caso aprovada, entrará em vigor a partir do ano-calendário de 2026.

A partir de 2026, brasileiros que ganham até R$ 5.000,00 por mês estarão completamente isentos do Imposto de Renda. Isso representa um avanço significativo em relação à faixa atual de isenção, que é de apenas R$ 2.259,20.
Além disso, para quem ganha entre R$ 5.000,00 e R$ 7.000,00, haverá um desconto parcial, reduzindo o valor pago atualmente. Isso significa que mesmo quem está um pouco acima da faixa de isenção total ainda será beneficiado com uma redução no imposto.
A ampliação da faixa de isenção beneficiará diretamente 10 milhões de brasileiros. Somando aos 10 milhões já beneficiados pelas mudanças de 2023 e 2024, serão 20 milhões de pessoas que deixarão de pagar Imposto de Renda desde o início do atual governo.
Na prática, isso significa que:
  • 90% dos brasileiros que pagam IR (mais de 90 milhões de pessoas) estarão na faixa de isenção total ou parcial
  • 65% dos declarantes do IR pessoa física (cerca de 26 milhões de pessoas) serão totalmente isentos
A economia será significativa para milhões de brasileiros:
  • Um motorista que recebe R$ 3.650,66 mensais economizará aproximadamente R$ 1.058,72 ao ano
  • Uma professora com salário mensal de R$ 4.867,77 terá uma economia anual de cerca de R$ 3.970,07
  • Um profissional autônomo com rendimento mensal de R$ 5.450,00 economizará em torno de R$ 3.202,44 por ano
  • Uma enfermeira com salário de R$ 6.260,00 poderá ter uma redução anual de R$ 1.821,95 no valor pago de Imposto de Renda
Para quem ganha até R$ 5.000,00, a economia mensal pode chegar a R$ 300,00 ou R$ 400,00, o que representa quase R$ 5.000,00 ao ano – praticamente um 14º salário para muitas famílias brasileiras.
A ampliação da faixa de isenção resultará em uma redução da arrecadação de receita pela União da ordem de R$ 25,84 bilhões em 2026. Para compensar essa perda e garantir a neutralidade fiscal do projeto, o governo propõe:
  1. A tributação mínima das altas rendas, que possibilitará uma ampliação de receita de R$ 25,22 bilhões
  2. A tributação de 10% na remessa de dividendos para o exterior (apenas para domiciliados no exterior), que gerará R$ 8,9 bilhões adicionais
Pela proposta inicial, apenas 141,4 mil contribuintes (0,13% do total) passarão a contribuir pelo patamar mínimo. Esse grupo é composto por pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano e que atualmente não contribuem com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda. Atualmente, esses contribuintes pagam uma alíquota efetiva média de apenas 2,54%.
O projeto tramita em regime de urgência constitucional na Câmara dos Deputados, com prazo de 45 dias para apreciação (de 19/03/2025 a 02/05/2025). Após esse período, o projeto passa a trancar a pauta de votações do Plenário a partir do dia 3 de maio. Entretanto, o Governo deve retirar a urgência da proposta para não travar a pauta do plenário.
 
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou a criação de uma comissão especial para analisar o projeto, que será presidida pelo deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), vice-líder do governo. A relatoria ficará com o deputado Arthur Lira (PP-AL).
Esta proposta representa um passo significativo em direção a um sistema tributário mais justo no Brasil. Durante os governos anteriores, não houve reajuste na tabela do imposto de renda, mantendo a faixa de isenção congelada em R$ 1.900,00 por muito tempo.
A mudança significa mais dinheiro no bolso do trabalhador, com menos imposto descontado e aumento da renda líquida. Para muitas famílias brasileiras, especialmente das classes B, C e E, esse alívio de R$ 300 a R$ 400 mensais fará uma diferença significativa no orçamento familiar.
Acompanhe neste site todas as atualizações sobre a tramitação deste importante projeto que beneficiará milhões de brasileiros.

Perguntas mais frequentes

O PL 1087/2025 representa uma das maiores reformas na tributação da renda na história do Brasil. A proposta, enviada pelo presidente Lula ao Congresso Nacional, visa corrigir distorções históricas no sistema tributário brasileiro, onde tradicionalmente os mais pobres arcam com uma carga proporcionalmente maior que os mais ricos.